segunda-feira, 20 de outubro de 2008

25 kms em Portel

O Castelo de Portel no topo da pequena cidade

Eu com o Castelo como pano de fundo

O bonito parque da cidade onde nos concentrámos para a partida

Alongamento para a fotografia

Já passou mais de uma semana desde que vivi a bonita e dolorosa experiência de ter corrido 25kms non stop sem preparação para tal.


Para começar falo da cidade. Que bela cidade, que mais se assemelha a uma vila, com o seu Castelo lá em cima a mirar-nos. Temos nós a tendência de querer viajar para fora, quando pouco conhecemos do nosso território.

Bem, a verdade é que não tive muito tempo para conhecer a cidade, pois aproveitámos o Sábado para visitar a família, a alguns kms dali, chegando assim, algo tarde a Portel. Mas logo, logo deu para ver que se trata de uma cidade-vila muito agradável, muito asseada e organizada, além de bonita.

Portel alberga algumas infraestruturas que muitas cidades do litoral ainda não apresentam, tal como piscinas municipais, biblioteca, auditório, parque da cidade, centro de saúde, jardins, etc...

Relativamente ao alojamento, posso dizer que ficámos muito bem acomodados num bonito hotel rural, que recomendo a todos, o Refúgio da Vila. É verdade, é o único hotel da cidade, mas muito acolhedor e elegante ao mesmo tempo, e com um staff muito simpático. O meu pequeno já não queria vir embora...

O Clima

Quanto ao clima, não podíamos ter tido melhor. O céu esteve sempre nublado, não permitindo que o sol espreitasse. Pelo menos não sofremos com o calor. Foi o ideal.

O Saco - oferta

Levantei o dorsal junto ao Auditório da cidade, e recebi um saco com a t-shirt e algumas brochuras informativas e turísticas da região. Devo sublinhar que a t-shirt da prova é muito bonita e simples. Azul escura, apresentando em amarelo o símbolo da cidade que se assemelha a uma ferradura, mas que julgo estar relacionada com o Castelo. De muito bom gosto, deve ter tido mão de designer especializado...

A Partida

A corrida começou num bonito parque da cidade (que aliás tem mais de um parque), bastante verde e amplo, com um bom parque infantil. Cerca de 210 atletas marcaram presença na partida, vindos de todos os pontos do país. Infelizmente, à excepção do querido amigo Zé Magro, não reconheci mais ninguém antes da partida. Estive ocupada nesses momentos que antecederam a partida a gerir uma birra de um menino de 4 anos que queria porque queria um dorsal igual ao meu. Ainda tentei dar-lhe a volta, espetando-lhe um panfleto ao peito, mas o miúdo cedo percebeu a artimanha da mãe, sentindo-se enganado.

Aí perdi alguns minutos valiosos, tendo-me juntado ao pelotão, apenas alguns segundos antes do tiro de partida. Ainda pude cumprimentar a bonita Eliana, que lá estava cheia de garra para mais um desafio.

O Percurso

O início da prova foi muito agradável, pois demos uma volta grande por dentro da vila. Tivemos oportunidade de conhecer mais da vila e encontrarmos alguns habitantes, uns à janela, outros à porta de suas casas, outros junto aos cafés.

Assim que saímos da vila, em direcção a Alqueva, vi logo uma subida jeitosa e pensei para mim que aquilo era um começo engraçado e que aquela devia ser 1 das 2 subidas que iríamos encontrar no percurso. Enganei-me mas também posso dizer que adorei o percurso. Foi um típico sobe e desce durante cerca de 23 kms. É verdade que subimos muito, mas também descemos bastante. Pessoalmente gosto mais de percursos assim do que planos. Só não sou fã de descidas pois tornam-me mais cuidadosa, logo mais lenta.

O percurso foi realmente uma surpresa, de início houve comentários que me assustaram do tipo "isto ainda agora começou" ou "e isto não é nada", mas nada que me derrotasse o espírito. Eu estava lá para gozar o momento e fazer alguns kms, e isso já eu estava a fazer, por isso o objectivo estava praticamente cumprido.

A paisagem alentejana foi bastante apreciada durante todo o percurso. Tentei sempre concentrar-me nas subidas, mas as descidas serviram sempre para apreciar a paisagem. As árvores, as ovelhas, as vacas, os pastores, os caçadores foram alguma da companhia nesta minha corrida.

Nos últimos kms começámos a avistar o Grande Lago de Alqueva. Foi muito bonito ver aquelas grandes manchas de água por entre os montes nos kms finais.


Os Companheiros

Tive a sorte de ser acompanhada nos primeiros 12 kms por um atleta, com mais de 50 anos de experiência nas corridas, o Sr. José Parrança, que é dali da região. Com cerca de 70 anos, e com algumas dores nos joelhos provocadas pelos ferimentos de guerra em África, este atleta já reformado foi uma simpatia constante. Ao passar por conhecidos junto à estrada nunca recebeu palavras de apoio. Em vez disso, diziam-lhe que fosse descansar para casa, pois já estava velho para aquilo. Ele sorriu sempre àqueles caçadores e pastores. Afinal ele sabe precisamente que aquele corpinho bem tratado e aquela boa disposição contagiante provavelmente são motivo de inveja para rapazes 20 ou 30 anos mais novos que ele, ali agarrados às suas espingardas e cervejolas.

O Tiago e o Vasco de Lisboa, com muito menos experiência em corrida que o Sr. José, lá estiveram sempre por perto, para as habituais trocas de desabafos e pensamentos. No final, foi com o Vasco que tive o prazer de cortar a meta.

Isto das corridas é muito bonito... Permite-nos disfrutar da companhia destes amigos, que se não fosse pela ocasião, provavelmente, nunca teríamos a oportunidade de nos conhecermos e conversar. Talvez não os veja nos próximos tempos, mas concerteza que quando nos encontrarmos numa próxima oportunidade, vamos concerteza sorrir uns para os outros e reconhecer que continuamos companheiros de estrada.


Os Abastecimentos

Os abastecimentos foram garantidos por elementos da organização e escuteiros da região. Rapazes e raparigas lá estavam de 5 em 5 kms certinhos para nos garantirem águas e nalguns casos, fruta. Foi certinho e pude sempre contar com eles. Um obrigada e beijinho àquela rapaziada.

A Chegada

Terminámos a prova num local fantástico, junto ao miradouro para a Barragem de Alqueva. Apesar de ser uma das últimas atletas, junto à meta senti-me como se fosse uma das primeiras. sabem quando há provas em que já nem ligam aos últimos e que parece que já metade da organização se foi embora almoçar? Ali não. Tive direito a uma bonita recepção. Tanto amigos (por exemplo o Victor, o Zé, a Eliana) como organização estiveram lá a apoiar e a fotografar o momento de chegada.

Na meta tivemos direito a 3 qualidades diferentes de frutas e águas. Gostei bastante deste último abastecimento.

É claro que após parar, o corpo começou a reclamar, dando indícios de como tinha sido explorado em demasia. Tentei manter-me em movimento, mas já sabia que qualquer mal que tivesse provocado, já estava feito. Bem, mas nada que uns bons dias de paragem não remediassem.

O After-Party ou Almoço

Depois de um belo duche no hotel, dirigimo-nos para a sociedade recreativa Artística para o nosso almocinho. Tivemos que esperar alguns minutos numa fila, mas suportou-se bem. A comida estava óptima, tanto a sopa como o prato principal e a fruta estava tudo excelente. Infelizmente o espaço pareceu-me reduzido tendo em conta o n.º de clientela. Almoçámos sem ter oportunidade de confraternizar com os outros, pois também não encontrei ninguém conhecido lá, e havia que disponibilizar mesas para os outros que esperavam. Mas julgo que na próxima edição, a questão do espaço será resolvida.

Organização

Esta foi a primeira edição de uma corrida que decorreu sobre rodas e muitas pernas e muitos braços. Notou-se perfeitamente que o sucesso do evento foi fruto de muito empenho e amor à camisola. A organização, estreante nestas andanças, está definitivamente de parabéns.

Não tenho nada mais a acrescentar, a não ser que no próximo ano espero lá voltar. Tornou-se uma favorita.

A distância permite-nos ir um pouco mais além. 25 kilómetros já impõem algum respeito. Nunca pensei terminar, tendo em conta o meu nível de preparação. Parecia uma missão impossível, mas no final foi cumprida. Terminei com a marca de 2h30m. Segui sempre num ritmo controlado, no meu ritmo normal de treino, atacando apenas nas subidas. Correu bem, o corpo sofreu um bocado mas aqui a Lénia saiu vitoriosa.

À Margarida Henriques, um beijinho, pois antes da partida ao entregar-me o dorsal foi dela que ouvi palavras de incentivo e foi também no final que ouvi dela os parabéns.

Ao Eduardo Santos apenas digo: Parabéns e venham daí mais! Excelente ideia a do foto-diploma!

Para concluir: lá estarei para o ano, esperando encontrar alguns de vocês por lá! Boas corridas!

7 comentários:

  1. Olá Lénia

    parabéns pela participação.
    Conheço bem Portel e gosto muito, já estivemos há uns anos no "Refúgio da Vila", 5 estrelas.
    Continuação de boas corridas.
    António Almeida

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  2. Olá,
    Muitos parabéns.
    Uma prova que pela descrição, fiquei com vontade de a fazer.
    Bons treinos,
    Nuno Silva

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  3. Parabéns pela prova realizada e pela bela descrição! Lendo essas palavras ficamos com imensa pena de não ter lá estado...
    bjs
    MPaiva

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  4. ola lénia
    depois de ler o teu relato da prova ate me fiquei a sentir um bocadinho mal por ter corrido tantos kms a teu lado e não me ter apercebido do esforço que ias a fazer
    eu sei o que tu nos ias dizendo ao longo da prova mas olhava para ti e via-te a correr normalmente por isso sempre pensei que a luta fosse mais a nivel psicologico
    de qualquer maneira não ha corrida mais recompensadora do que a corrida em que entramos em auto-superação
    parabens :)

    lembras-te de eu te falar da jamie donaldson?
    http://altitudeultrarunner.blogspot.com/

    o lema dela é "run like a girl" - quem me dera :)

    beijinhos

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  5. Caros amigos,

    Só para dizer que continuo viva e que as dores dos 25kms só duraram no corpo o máximo de 2 dias, segunda e terça. Depois só um pé é que levou mais tempo a recuperar.

    De resto estou sã que nem um pêro.

    Obrigada Vasco, pela tua visita ao blog.

    Boas corridas para todos.
    Lénia

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  6. ai ai lénia dores nos pes e os nimbus que ficaram a dormir em casa ;)

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