segunda-feira, 25 de março de 2013

A Minha 1/2 Maratona de Lisboa EDP 2013


Ia preparada para baixar o meu tempo na Meia-maratona de 1h46' para, pelo menos, 1h45', mas ainda não foi desta.

Mentalmente preparada para dar no duro, contudo não contava com as surpresas que às vezes nos esperam. Há dias e dias, e ontem para mim foi um dia complicado para correr.

Parti na companhia de um amigo, o Pedro Bernardo, mas depressa nos afastámos devido sobretudo à multidão e mudanças de ritmo a que éramos obrigados para podermos prosseguir. De quando em quando, lá o encontrava ao meu lado ou à minha frente. Mas assim que começámos a descer, nunca mais o vi.

Tudo estava bem e de acordo com o planeado. Mas assim que começámos a descer para Alcântara, na parte final da descida meto o pé esquerdo numa racha no alcatrão e torço-o. Felizmente dei um saltinho e foi mais o susto do que outra coisa.

Bebi água aos 5km e assim que me aproximava dos 6km comecei a sentir-me estranha na barriga. Mas ignorei e esperei pelo melhor. Por volta dos 6km quando desejava sorte a uma rapariga com quem troquei algumas palavras, pisei uma garrafa de água cheia e fechada e aí sim torci bem o pé direito. Tive de parar e caminhar lentamente com algumas dores, enquanto amaldiçoava as pessoas que deitam as garrafas para o meio do percurso, quando eu sempre tive o cuidado, em qualquer corrida,  de atirar as garrafas para fora da estrada. Pensei mesmo que a minha corrida tinha acabado ali mesmo.

Esta era uma corrida em que tinha de terminar pelo menos em 2h para que me devolvessem os 150€ que paguei pelas novas Adidas Energy Boost. E aí acreditei que não o iria conseguir. Não sei porquê, mas quando comprei as sapatilhas achei que isso iria influenciar e colocar pressão na corrida. E não é que a nível psicológico é terrível?, pois comecei a acreditar que aquelas duas entorses eram maldições, logo numa corrida em que precisava de terminar abaixo das 2 horas. Aí comecei a pensar que tudo seria possível a partir daí...

Passados alguns metros a caminhar e correr lentamente, consegui aquecer e voltar a correr, mas a um ritmo mais baixo.

A partir daí, começa a verdadeira odisseia de sobrevivência. A nível gastrointestinal começo a sofrer, a ter cólicas impossíveis, que vinham e iam. Aos 8km começo a pensar em parar e procurar um WC. Vou a um café? Páro ali naquela estação? E se levo muito tempo a encontrar a casa de banho? Ui, ui, desespero e dor física a entrarem em acção, ao mesmo tempo que continuo a querer manter-me concentrada na passada e respiração.

Verdadeiro suplício, quando páro no primeiro WC móvel e está ocupado. Continuo, chego ao Terreiro do Paço, e deparo-me ainda com dificuldade em manter um ritmo estável e contínuo, tal é a multidão à minha frente a mover-se num espaço tão reduzido. tento ziguezaguear por entre as pessoas antes que a próxima cólica ataque.


Por volta dos 11-12km consigo parar e ir ao WC. Lembro-me de parar o meu cronómetro mas tenho noção de que estou ali parada cerca de 3-4 minutos. Saio disparada, e tento recuperar algum tempo perdido, preocupada em saber se o balão das 2h já teria passado.

As cólicas  e as náuseas vão e vêm, e eu agora já só quero terminar. Ultrapasso muitos corredores e tento encontrar alguém quem possa acompanhar para me manter concentrada no ritmo, pois a partir do Museu da Electricidade já é mais fácil correr sem andar tanto aos ziguezagues. 

Encontro um rapaz que parece ir ao meu ritmo e é com ele que sigo até Algés. Assim que fazemos o retorno final, tento puxar um pouco mais, mas  o mal estar não me permite muito mais além. Tento concentrar-me nas pernas e noto que estou bem, mas o receio de uma nova cólica a qualquer instante, retira-me alguma força mental, que precisava agora para terminar forte nos últimos 2km.

Na recta final para a meta, ainda tento apanhar um fotógrafo que me tire uma foto de corpo inteiro (outra das condições para ganhar as sapatilhas é comprovar com uma foto oficial). Para me assegurar, apanho mais um fotógrafo, o que dá duas paragens na recta final para a meta.

Termino com 1h46'50'' no meu Garmin, tempo oficial deu mais 5 minutos. Sei que o meu objetivo de baixar das 1h46 era realizável, não fossem as surpresas. Termino bem de pernas, mas o pé está a reclamar e começo a tremer com muito frio. Tento furar por entre a multidão, pois tudo o que quero naquele momento é voltar para o quarto de hotel. Fica muito difícil de sair dali, sobretudo devido à entrega de gelados...Descobri que quando as pessoas estão a lamber um gelado, ficam completamente descontraídas e em vez de andarem, arrastam-se. Caso eu estivesse bem, faria o mesmo...

Os próximos 10 min. são passados nos Pastéis de Belém, mas no WC. E tive pena, pois não pude desfrutar de todo aquele ambiente pós-corrida que adoro, daquele mar de gente a trocar impressões e a descontrair na brincadeira, com os amigos que acabamos sempre por encontrar.

As horas seguintes foram passadas com fortes dores e e alguma debilidade. Passado um dia, tenho a certeza que comi alguma coisa na noite anterior à corrida que não me fez bem, pois trata-se quase de certeza de uma gastroenterite, que atacou logo na pior altura possível.

A experiência acaba sempre por ser positiva, quando sabemos que fizemos o nosso melhor, nas condições que tínhamos disponíveis. Por agora fica a boa sensação de saber que teria feito melhor, caso não tivesse tido dores e feito duas paragens. O próximo passo é trabalhar com mais afinco e esperar pela próxima oportunidade para provar a mim própria que é possível. 





No sábado, junto à Sport Expo.

Com as Adidas que decidi comprar e esperava ganhar,
caso finalizasse abaixo das 2h. Done!

Um cafézinho e um pastelinho depois do almoço.

Ui, tantos pastéis de Belém!
Este foi provavelmente o melhor momento deste fim-de-semana.
Um gelado de morango da Santini no Chiado.
Estava tão bom, tão bom, tão bom... Não me lembrava de ser assim tão bom!

Eu e o Pedro antes da partida.
O marido ficou no outro lado, para fazer a Mini.

A multidão na ponte 25 de Abril.


A 1.ª medalha do marido.

O conjuntinho.


2 comentários:

  1. :( Tchii Lénia, que treta. É mesmo como dizes: até parece que a história dos ténis embruxou a corrida. Mesmo assim, parabéns pela forma como atacaste a corrida, mesmo quando tudo parecia estar contra.
    E por falar nos ténis, que tal? Valem o seu dinheiro? Nota-se algum aproveitamento da energia ao bater no chão, tal como eles anunciam?
    E essa treta de atirar garrafas e cascas de banana para o meio da estrada, é mesmo coisa de pessoas pouco civilizadas ou que só olham para o umbigo, esquecendo-se todos os que vêm atrás.
    As melhoras e toca a arrebitar que já estamos noutra semana de treino o Iberman já confirmou a realização da prova no dia 11. Força!

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  2. Até pareceu fácil! Dado os constrangimentos todos grande tempo! Boa prova! Também queria ganhar umas sapatilhas! Para os homens era muito mais dificil!

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